segunda-feira, 17 de outubro de 2011

EM ALGUNS MOMENTOS É MELHOR DAR UM TEMPO

Outro dia enquanto arrumava umas caixas em minha casa encontrei um antigo álbum de fotos do Só Malícia, bons tempos. Fiquei olhando as fotos por quase duas horas e lembrando de tudo que passamos. Foi uma fase de muito aprendizado e também muitos problemas. Coisas pessoais, bebidas, brigas, egos. Mas foram bons tempos. Comecei no grupo em no fim 1994 e era bem estranho, eu tocava guitarra numa banda de axé e de repente me vi com um cavaquinho nas mãos. Lembro-me até hoje da frase do meu tio Zico: toma aqui, aprende e venha tocar com a gente. No começo achei bem estranho aquele instrumento pequeno e aparentemente frágil, mas comecei a estudar um pouco e logo fui me apaixonando por ele.
Logo começamos a tocar em bares, restaurantes, festas e a medida que os dias iam passando eu ia tomando a frente da parte musical, havia muita coisa pra acertar e muita responsabilidade para ser dividida. Ao lado do saudoso amigo Emídio, fomos trabalhando a parte musical do grupo coisa que, nem eu nem eles, conheciam direito, então nos restava assistir outros grupos e dar tiros no escuro. Acertamos muita coisa, erramos muitas também. Mas nada foi tão difícil de ser trabalhado como os egos. Sempre fui muito chato com certos assuntos, musicalmente não gosto de falhas. Até um certo ponto não havia, de uma forma geral, a ótica de que o grupo estava crescendo e deveríamos tomar novas atitudes ter novos comportamentos no palco. Nunca fui a favor de bebidas e cigarro no palco, isso sempre me incomoda, até hoje inclusive, ainda sofro com cigarro na Flor d’ Lottus.
Zico sempre foi meu desabafo, qualquer coisa que eu não achava legal, reclamava primeiro com ele. Muitas vezes me dava razão e outras vezes me pagava uma geral do tipo, ei você tá pegando pesado demais. Eu entendia que isso seria o melhor para o grupo, mas a coisa foi ficando mais e mais complicada. Até que em uma apresentação quase brigamos, falamos muitas besteiras e aquilo era o sinal que algo estava muito errado. Ele se desligou do grupo por longos meses, mas continuamos e não era a mesma coisa. Não dávamos o braço a torcer, e o mais prejudicado foi o próprio grupo, pois perdemos a sinergia que nos acompanhava há muito tempo. Lembro que durante as reuniões que fizemos após a briga, fui responsabilizado pelo declínio ao qual estávamos passando, e isso me incomodava, mas sempre durão, achava que estava certo e ponto final.
Após vários meses em uma reunião na casa da minha avó, pra minha surpresa, Zico pediu para voltar ao grupo e que aceitava me pedir desculpas pelas coisas chatas que aconteceram. Foi um dia de muita felicidade para todos, o Só Malícia estava de volta. Tocamos por mais dois anos e em um determinado momento resolvemos parar...
Era a hora mesmo. Tudo estava estranho, os integrantes, como eu mesmo, não tínhamos mais a gana de tocar, tudo parecia chato demais e os compromissos nos aborreciam. Enfim, decisão tomada, foi hora de dar um tempo. Passados quase dois anos, encontrei Zico e voltamos a cogitar um retorno e assim foi feito, nascia o Inovasamba. Tocamos por 3 anos. A pegada era totalmente diferente do Só Malícia, o tempo parado nos fez enxergar nossos erros e com o retorno, fizemos várias coisas diferentes. Não tocávamos mais em pequenos bares, pois não era rentável para um grupo com 6 integrantes. Fechamos bons contratos com prefeituras e isso nos garantiu tranqüilidade nas apresentações, era chegar com o instrumento e tocar, nada mais de carregar caixas pra lá e pra cá. Hoje temos apenas encontros casuais para tocar um samba sem compromisso e matar saudades das boas horas que estão vivas em nossas mentes, apesar de ter saudades, não cogitamos mais formar grupo, tá bom do jeito que estamos hoje...
*dedico este texto aos queridos: Emídio e Rubi. Descansem em paz!!!

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