terça-feira, 29 de maio de 2012

AI SE EU TE PEGO, ANDRÉ RIEU


Domingão, uma super apresentação em um programa de auditório que levou a plateia a aplaudir de pé o famoso maestro André Rieu e sua orquestra que acabara de realizar uma grandiosa apresentação. Tudo muito bonito, figurino poucas vezes visto no Brasil, afinação sem comentários, mas... (suspense)... O apresentador do programa anuncia uma surpresa ao público, ele vai tocar um grande sucesso e de repente começa a introdução de “Ai se eu te pego”... (silêncio).... sim cantaram a música inteirinha com direito a sanfona na orquestra.

Sr. André Rieu entendo que, para a gradar ao público vale tudo, tocar as músicas regionais e tradicionais, mas entrar na onda do populismo já é demais para os meus ouvidos. Nossa mas a plateia foi ao delírio, mas é claro que foi, as Fm’s não fazem outra coisa a não ser tocar essa música o dia inteiro e ficar “babando” o cara como se fosse um Deus, tenha a santa paciência, não dá mais pra aguentar tanta falta de cultura em nosso país.

Outro dia mesmo li uma reportagem sobre os “tchê tchererê tchê tchê’s” ou “eu quero tchu eu quero tchá” que estão por aí sendo empurrados de ouvidos a dentro, e o repórter fazia a comparação com outra época, a década de 90 pra ser mais exato, quando apareceram dezenas de grupos de pagode com os mesmos artifícios de “lálálá” e “lererê” resumo da ópera, é tudo igual, falta cultura, falta letra, falta melodia e sobra aproveitadores que nada tem a oferecer.

As letras estão cada vez mais sem lógica nenhuma, cada vez mais vazias, parece que os compositores, se é que merecem ser chamados assim, estão com foco no vazio e sem criatividade para escreverem canções que realmente tenham conteúdo e que agreguem valor ao ouvinte. Outro dia mesmo cheguei a casa da minha irmã e minha sobrinha de 2 anos estava cantarolando o tal “eu quero tchu eu quero tchá” isso acaba comigo, tanta coisa boa pra se ouvir e como as rádios massificam esse tipo de música, fia difícil evitar que até as criancinhas entrem na dança.

Agora ver o André Rieu tocar aquilo foi demais pra mim. Fico imaginando os verdadeiros compositores do Brasil, aqueles que realmente agregam valor à nossa música e que são esquecidos por uma “modinha passageira” devem ficar com vergonha e ver sua obra esquecida e dando lugar a tamanha falta de criatividade. Mas, nem tudo é perfeito, esse modismo é comercial, dá lucro e é disso que os empresários vivem, então fazer o que né?

Nem sei por que fiquei vendo aquilo, estava pasmo demais pra trocar o canal e custei a acreditar no que eu ouvia. Quer saber de uma coisa, não tenho mais nada pra falar sobre isso...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

SAMBA X PAGODE: QUAL A DIFERNÇA?


Esta é uma duvida que as pessoas tem com muita frequência. Eu mesmo demorei um bom tempo para ter um conceito definido sobre o assunto. Envolve uma disputa de egos, não tenham dúvidas disso, chamar um sambista de pagodeiro soa como ofensa. Então se chegar a um lugar que senhores de cabelos grisalhos estiverem tocando jamais utilize o termo “pagode”. Mas vamos tentar de forma simples explicar a diferença.

Muita gente considera “samba” apenas as escolas de samba que desfilam no carnaval quando na verdade não é bem isso. Samba enredo é aquele estilo que envolve grandes alegorias, desfiles em grande escala e todo o glamour que se tem no evento. O velho e bom samba de roda, aí sim reduto de sambistas, vem da reunião dos amigos que tocam os tradicionais instrumentos (cavaco, banjo, repique de mão, tantã, surdo, chocalho...) e versam de improviso, como as rodas do famoso Cacique de Ramos no Rio de Janeiro, diga-se de passagem, o reduto, o berço do samba no Brasil. Sim, daí vem o termo samba-de-roda tradicional.

O termo pagode vem de uma derivação de estilos. Não que o samba não tenha seu lado mais romântico e melancólico, mas isso é feito com a mais pura sensatez, bem diferente do pagode comercial, onde os grupos são produzidos e criados da noite para o dia. A década de 90 foi invadida por grupos de pagode, e foram muitos. Quem não se lembra dos grupos Negritude, Katinguelê, Grupo Raça, Raça Negra, Sensação, Malícia e tantos outros que nasceram, cresceram ,tocaram e muitos desses, já não existem mais. Talvez este seja uma das referencias pra você, que lê este texto, identificar o que é um grupo sólido, o seu tempo de existência.

Nessa época apareceu muita coisa ruim, grupos criados apenas para servirem de vitrine para as gravadoras e não agregaram nada para a cultura nacional. Um exemplo parecido é a quantidade de dupla sertaneja intitulada “universitários” que é uma mistura de nada com pouca coisa. Bem diferente do sertanejo tradicional, raiz, que carrega a tradição da boa música caipira. Parece um pop com sotaque do interior...

Mas voltando ao nosso samba, a nata está mesmo nos tradicionais cantores: Beth Carvalho, Almir Guineto, Nelson Cavaquinho, Monarco, Fundo de Quintal, Ivone Lara, Lecy Brandão, Jovelina, Zeca Pagodinho, Arlindo e Sombrinha, Martinho e tantos outros mestres que enfrentaram uma verdadeira batalha até o samba descer o morro e chegar ao asfalto, como eles mesmos dizem. O samba fala do dia a dia, das alegrias e tristezas do malandro, dos desamores, da política, mas de forma pura e humilde, se “larará”, “ohohohohoh” e essas coisas que envergonham os mais antigos e criadores do estilo.

O pagode hoje é totalmente comercial, salvo alguns poucos grupos, hoje montam estruturas enormes com luzes, telões, colocam um monte de rostinhos bonitos e lançam ao povão. Infelizmente as rádios massificam e acaba acontecendo o que vemos atualmente, um bando de grupos estilo “Thiaguinho” (jura que mudou o samba?!?!?!) que só tem imagem e nada de sonoridade. Fica fácil, pois, contrata-se uma boa banda e a coisa flui, diferente de um Fundo de Quintal que chega lá e faz a coisa acontecer. Mas é isso, o dinheiro manda.

Espero que tenha conseguido esclarecer um pouco sobre o assunto, não quero polemizar, apenas mostrar que, mesmo que se criem novas vertentes, o tradicional deve ser respeitado e valorizado, é como um funcionário antigo que tem muito a ensinar aos novatos. Humildade meus queridos, quem tá chegando precisa de humildade, chegar no sapatinho e respeitar os mais velhos e criadores. Como diz o mestre Jorge Aragão: “respeite quem pode chegar aonde a gente chegou”... Salve o samba, Salve São Jorge!!

sábado, 19 de maio de 2012

REPERTÓRIO OUTRA VEZ


Recebi um e-mail do Ivo Andrade, baterista da Flor d’ Lóttus, com as músicas que seriam trabalhadas no nosso próximo ensaio. Normal, pois é assim mesmo que fazemos, sugerimos as músicas, alguém trás o áudio, outro baixa a letra e pronto. Mas passados algum minutos o Anderson (guitarrista) respondeu dizendo que não tiraria as músicas, pois, ele já havia apresentado uma outra que estava sendo deixada de lado por várias vezes. Esse problema é emblemático para quem trabalha com música, e, simples de ser resolvido.

Desde que comecei a tocar me deparo com situações desse tipo. Chega ser engraçado falar do assunto. Lembro-me bem da época do Só Malícia, não havia esta facilidade de acesso às músicas como hoje, mas a disputa para sugestão de repertório não era diferente. Como eu sempre ouvia vários cds sempre levava o que de mais novo estava tocando. Mas na Flor d’ Lóttus, e viva à tecnologia, as coisas andam mais depressa. Pensamos em alguma música e de repente ela já está lá pronta para o repertório. No caso do Anderson, com certeza a solicitação dele será atendida para não gerarmos uma crise.

É sempre preciso tomar cuidado na hora de montar um repertório, cuidado no sentido de escolher uma canção e saber o momento da apresentação que esta deverá ser tocada. Sempre gosto de perceber como está a reação do público quando executamos uma música, isso vira uma mania no palco e como as pessoas gostam de ouvir músicas que marcaram a vida delas, é impressionante como cada um reage ao ouvir os primeiros acordes. Então mesclar vários ritmos, cada banda, cada período vai fazer com que a apresentação se torne agradável aos ouvintes.

Quem nunca foi a um show e saiu decepcionado? Sempre comento que o público só se agrada quando ouve algo que ele conhece isso é fato. Então não adianta chegar lá e executar as canções de forma primorosa se as pessoas não conhecem as músicas. Não vai agradar mesmo. Por isso as bandas de baile estão sempre em evidência, tocam aquelas músicas que estão nas paradas das FM’s (axés, sertanejos e pagodes universitários, funk’s) mas nem todas as bandas trabalham assim, a Flor d’ Lóttus é uma delas. Nosso repertório é montado depois de ouvirmos várias e várias músicas e debatermos muito. Primeiro escolhemos tocar músicas dos anos 80, 90 e 2000, pop’s e rock’s nacionais e neste período, principalmente 80 e 90 foram os melhores anos onde bandas incríveis estiveram no auge.

Por isso a dificuldade, pois, é tanto material que as vezes fica difícil listar quais entrarão primeiro na lista, daí a bronca do Anderson rsrsrs. Mas é desta forma que funciona, deve-se manter a coerência e respeito aos colegas que sugerem primeiro, afinal fila é fila. Agora, como não passamos no edital do governo do estado, voltemos nosso foco aos ensaios e composições pois o trabalho não pode parar. Inté.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A GUERRA PELO PODER


No texto passado falei um pouco sobre a necessidade de dedicação para se trabalhar com música. Fiquei lendo e pensando sobre o que havia escrito e achei por bem continuar o assunto. Na época em que assumi a “presidência virtual” de um bloco carnavalesco foi uma alegria enorme, pois tínhamos eu e minha equipe, bem definidos nossos objetivos. Mas não era bem assim que o “bloco tocava”. Havia forças enormes remando contra e isso foi o maior entrave que encontrei para realizar nosso carnaval. No fim das contas havia um enorme rombo e não tínhamos dinheiro para cobrir. A situação ficou bem complicada. O problema era que os que remavam contra sabiam dos problemas que poderiam acontecer e não se manifestaram, faltava muita ética, o bloco nunca foi brincadeira pra mim, o assunto era sério.

Primeiro para se tirar os objetivos do papel, os que remavam contra sempre arranjavam barreiras isso ajudava a baixar o alto-estima dos demais e trabalhar desse jeito foi muito complicado. Além de presidente virtual (depois explico por que virtual) eu era responsável em “puxar” a bateria e isso sempre foi uma alegria. A bateria do bloco sempre foi a menina dos olhos dos carnavais de Santa Cruz, mas do jeito que as coisas iam, tava difícil motivar a turma pois quando se olhava ao redor havia um clima pesado. Mesmo assim fizemos um bonito carnaval, um bom samba enredo, bateria cadenciada, carros e alegria na avenida. E foi só, na prestação de contas fui ver o tamanho da furada que entrei.

Por isso é muito importante conhecer bem as pessoas que trabalham com você em qualquer projeto. O projeto do bloco era e é simples, só precisa de um pouco de trabalho de uma equipe, entenda bem “EQUIPE”, sozinho não se coloca o bloco na rua. E isso faltou. Fizemos um evento dois meses após o carnaval para angariar recursos. Conseguimos varias contribuições, porem mais uma vez a falta de responsabilidade de algumas pessoas puxou a motivação para baixo outra vez. Resultado, bom evento e os recursos não foram suficientes para sanar as dívidas do bloco. Isso foi o estopim para que eu me afastasse do Rival. A decisão foi difícil, não queria decepcionar as pessoas que me apoiaram, mas a arrogância de poucos causou frustração de muitos.

Depois disso fiz mais dois carnavais em outro bloco como responsável pela bateria. A situação não era diferente. A falta de empenho e os interesses pessoais mais uma vez falaram mais alto e o resultado foi um carnaval pobre de tudo. A briga está bem acirrada pelo controle do bloco e eu cada vez mais distante dessa confusão toda, não dá pra ficar nessa guerra quando o que se quer é uma atitude de parceria e entendimento com comunidade, fornecedores, prefeitura e espectadores, assim fica complicado. Pra resumir, acho que novamente no carnaval, irei para a bucólica praia de Iriri (ES) e apreciar outros blocos que, aparentemente tem menos problemas que os daqui. Inté. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

REGISTRO NÃO GARANTE SUCESSO


4532, este é o meu registro na OMB, Ordem dos Músicos do Brasil/ES ao qual sou afiliado desde 1996. Na época foi uma correria pra tirar as carteiras, pois, havia um risco da fiscalização recolher nosso material. Tudo balela, sempre foi. Em 15 anos nunca usei a carteira pra nada a não ser dar a famosa ‘carteirada’ em alguns shows e mais nada. Fiscalização é um mito, só funciona para grandes eventos e para impedir que pequenas bandas toquem para as prefeituras. Na prática fiscalização é um grande fantasma que, repito, em 15 anos, jamais vi nem sombra. Vamos lá, não estou dizendo que os músicos não devem ser registrados, longe disso e pelo contrário, registro dá credibilidade no momento de contratos. O grande problema é: investir no registro, com a anuidade e a fiscalização não trabalha.

Existem milhares de bares com musica ao vivo todos os dias no Brasil inteiro e nada de fiscalização das OMB’s. Isso sim é falta de respeito ao musico registrado. Você gasta dinheiro, gasta tempo, preenche a parte burocrática e um monte de bandas e músicos sem registro, tomam o seu lugar, cobram barato e os músicos registrados ficam no prejuízo por que a OMB é omissa, os donos de bares e casas de shows são omissos. Precisamos alinhar as coisas, músico registrado merece mais respeito.

Minha banda, atualmente, está sem registro e em processo de habilitação dos músicos, vai levar um tempinho, mas em breve, estaremos certificados conforme manda o figurino. E aí o que vai acontecer, nossas vidas vão mudar? Não mesmo! Tudo vai continuar a mesma coisa. Tocaremos em alguns locais onde hoje não podemos, e vamos continuar sofrendo com os baixos preços que o mercado dos ‘músicos piratas’ impõe. O preço é muito inferior aos que se pratica por bandas registradas, já que existem critérios contratuais que dão grande cobertura no caso de não cumprimento das regras legais.

Na minha época tínhamos blocos de contrato e algumas casas não queriam assinar devido ás exigências, mas isso garante, não só para o musico, como também para o estabelecimento. Lá estão todos os quesitos para se ter uma apresentação decente e segura para as partes envolvida. Seria muito melhor se houvesse a fiscalização, os caches seriam mais justos e obrigaria os ‘piratas’ a correr atrás do prejuízo, buscar o registro. Hoje fica em torno de R$ 260,00 a habilitação para músico prático, muito barato levando em conta que o retorno é garantido quando se toca com frequência.

Bom, no mais é torcer que isso mude e que possamos ter garantias que vamos participar de eventos onde todos os músicos são registrados e que a fiscalização estará presente para garantir profissionais e amadores capacitados. Um dia isso muda...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

PLANO "B"


Amanhã, 15/05/2012, a banda Flor d’ Lóttus vai receber o resultado de um edital para fazer apresentações em um importante teatro da capital Vitória, no ES. Por isso resolvi, mesmo sem saber do resultado, escrever sobre o plano “B” que as bandas devem ter para o caso do resultado seja negativo. Não dá pra negar que a expectativa para uma resposta positiva é muito grande e todos estamos esperando por isso. Mas caso a resposta não seja a que tanto aguardamos o que faremos? Para isso o planejamento é muito importante para as bandas, grupos, duplas, pra toso que trabalham com música. Trabalhar com a decepção não é a melhor coisa, claro que fica um desapontamento, mas ter os pés no chão e trabalhar com essa possibilidade já ajuda a esquecer o resultado e partir para novos desafios.

Ganhar e perder faz parte da vida e na música não é diferente. Prova disso são as noites trabalhando para pequenos públicos em bares, quando se espera sempre muita gente para ao menos bater palmas quando estamos tocando. Ou quando é contratado e o cidadão faz a maior propaganda do som, do palco, da estrutura montada, de repente quando você chega ao local da apresentação, comprou gato por lebre. Conversamos bastante sobre o assunto e a possibilidade de termos que tomar outras atitudes, estamos preparados para buscar outras alternativas se o resultado não for o aguardado. Ainda fazemos graça com a possibilidade: “ah vamos continuar ensaiando até alguém se lembrar de nós...”

Brincadeiras à parte, a verdade é que o foco é manter o profissionalismo e continuar os ensaios, continuar compondo, continuar fazendo bons contatos. Colocar o trabalho sempre à frente e compartilhar com todas as vitórias e também as derrotas. Temos muita gente torcendo pelo nosso sucesso, isso é fato! A banda está coesa (apesar das brigas e dos descontentamentos que sempre rondam) e com certeza será uma grande experiência ter participado da forma que foi, tudo muito corrido. Desde as primeiras possibilidades, até as reuniões com o produtor, a gravação das músicas (primeiro guitarras e baixo, depois o vocal e por último, isso mesmo, por último a bateria), vencemos os prazos e disponibilizamos o material, flertando com o populismo, demos a cara a tapa!

Claro que se passarmos vai ser uma festa só, não tenho dúvidas. O foco do trabalho foi voltado para vencermos, mas se por acaso não for dessa vez, paciência, e vamos atuar com o plano “B” e continuar a caminhada que para alguns é de pouco mais de 2 anos e pra mim (rsrsrsrsrrs) lá se vão quase 20 anos.
Se tiver que ser, será. Inté.